Sim, pois seus hábitos de caça dependem de fatores como o comportamento do bicho em sociedade, a região em que vive e o tipo de presa ali encontrada. Alguns felinos caçam pela manhã, outros à noite - preferência que deriva tanto do condicionamento genético quanto da disponibilidade da presa. Uns caçam em bando; outros, sozinhos. Mas, apesar dessas diferenças, existe grande semelhança na técnica usada para abater a vítima. "A caçada sempre termina com uma mordida fatal na garganta ou no pescoço da presa", afirma Francisco Galvão, estudioso de etologia (ciência que estuda o comportamento dos animais) e especialista em bichanos de grande porte, fundador do Parque Simba Safari, em São Paulo. O que pouca gente sabe é que menos de metade das investidas são bem-sucedidas. "A caçada só tem sucesso quando o animal consegue chegar o mais perto possível da presa sem ser percebido", diz Francisco.
Não é costume dos felinos empreender longas perseguições, porque se cansam facilmente: quando não alcançam a presa nas primeiras centenas de metros, desistem e partem para outra tentativa. Uma tese curiosa, nesse sentido, é a do etólogo japonês Shigeo Yachi, da Universidade de Kyoto, que elaborou uma fórmula matemática para explicar a estratégia de caça dos felinos e de outros predadores. Para ele, tudo se resume a uma simples equação: a cada passo, o animal calcula se a vantagem de se aproximar da vítima é maior que o risco de ser visto e perder o elemento surpresa. Quando ele chega perto o suficiente da presa, a possibilidade de ter sua presença notada já não importa: é hora de atacar. Essa teoria cai como uma luva para os leões. Entre eles, quem caça é a fêmea - ao macho cabe a defesa do bando, que pode ter até 30 indivíduos.
Mais rápidas e ágeis, as leoas atacam em grupo (de duas a três) e preferem presas grandes, já que servirão de alimento para todo o bando. Zebras, antílopes, gnus e búfalos são seus pratos prediletos. Na hora do ataque, em geral ao anoitecer, as leoas costumam se dividir em dois grupos: o primeiro se esconde atrás da vegetação; o outro espanta os animais na direção das companheiras escondidas. Depois que o animal é morto, os